Quando o maior será o menor e o último, o primeiro

 


Ao contrário do que o mundo acredita, as frases destacadas no título deste texto não são usadas para o deboche, ao menos para nós, cristãos.

O sentido delas é o de despertar um dos mais importantes princípios adotados por Jesus: a humildade.

Para melhor explicar esse tema, Jesus usa, primeiramente, de uma parábola, em Mateus, 20 1-16, que conta sobre o dono de uma vinha, que contrata, ao longo do dia, várias pessoas, em horários diferentes, conforme a necessidade encontrada para a colheita e cuidado com as uvas.

A forma de pagamento foi a mesma para todos. Situação esta que causou certa revolta aos que primeiros foram chamados, por se acharem injustiçados ao receberem o mesmo valor que os últimos.

Esta parábola nos ensina, não apenas que o combinado é cumprido e pode ser feito de acordo com a vontade e justiça do dono, como também que, relação à salvação, ela pode ser concedida a qualquer momento por Deus, até mesmo às portas da morte, e não há quem questione dEle qualquer justiça, pois Ele é justo!

Logo, se Ele prometeu dar um denário como pagamento, que serve de exemplo ilustrativo para a salvação, a todos que Ele chamou e aceitaram o chamado, demonstraram arrependimento pelos pecados, ninguém tem nada com isso. Ele decide o que fazer e como fazer. Não temos poder e nem o direito de contestá-lo. Ele é Deus, o Todo Poderoso!

A verdade, meu nobre e amado leitor, é que as preocupações do Reino de Deus são totalmente opostas ao que o mundo oferece. Enquanto aqui, há quem deseje posses, fortunas e poder, Deus nos oferece uma vida plena, baseada no amor ao próximo, onde não há vaidade, egoísmo e trapaça e mentiras.

Porém, temos de considerar que, essa vida de paz, segurança e equilíbrio ofertada pelo nosso Senhor, custou um preço, e muito alto, pago com o sangue de Jesus, na cruz, onde se fez maldição para nos livrar da condenação por nossos pecados.

Compreende? Não se trata de algo tão simples, como o suposto pela mãe de Tiago e João, filhos de Zebedeu, que pediu a Ele o direito de seus filhos sentarem à direita e à esquerda do trono dEle, como autoridades no Reino dos céus, como está escrito em Mateus 20 20-28.

Em Marcos 9:35, Jesus explica claramente o sentido de 'os últimos serão os primeiros': "Se alguém quiser ser o primeiro, será o último, e servo de todos". Ou seja: a relação em quem terá maior destaque não está ligada ao poder, soberania, mas ao servir, e fazer pelos outros aquilo que Deus nos manda: amar o próximo como a si mesmo.

Não podemos e nem devemos, portanto, seguir o exemplo do rico insensato, revelado em Lucas 12 13-21, a partir de uma parábola.

Nesta, um homem rico mostra sua ânsia em querer ter cada dia mais terras, para um dia aumentar seus seleiros e ali guardar toda sua safra e seus bens, de modo a não mais se preocupar, ao ponto de poder descansar, beber e se alegrar.

O Senhor, no entanto, reprova esse comportamento e o repreendeu: "Insensato! Esta mesma noite a sua vida será exigida. Então, quem ficará com o que você preparou?" (Lucas 12:20).

Da mesma forma não devemos aceitar o realizado pelo homem rico que recusava os restos de seus alimentos ao mendigo Lázaro, em Lucas 16 19-31.

Lázaro estava doente e necessitado de ajuda. O rico, por sua vez, esbanjava suas riquezas e não as dividia com quem precisava e devia. O resultado? Ambos morreram. Lázaro, que teve uma vida de sofrimento e dores, foi consolado, enquanto que o rico padecia no inferno e clamava por misericórdia.

Outra história que não acabou bem foi a do rei Herodes, descrita em Atos 12 19-24. O monarca fez um discurso em Cesaréia aos representantes de Tiro e Sidom, vestido com seus trajes reais e, ao final, foi reverenciado como se fosse Deus. Por não glorificar o verdadeiro e único Deus, Herodes foi ferido por um anjo do Senhor e acabou comido por vermes.

Os exemplos contraditórios apresentados aqui não são, simplesmente, para causar terror e ter uma vaga noção do poder do Deus de Israel, a quem prestamos culto, mas, também, para entender que a única opção que temos, a mais segura e verdadeira, é a de seguir os passos de Cristo Jesus, nosso Salvador, que, numa de suas muitas demonstrações de humildade, lavou os pés dos 12 apóstolos e declarou: 

"Vocês me chamam ‘Mestre’ e ‘Senhor’, e com razão, pois eu o sou. Pois bem, se eu, sendo Senhor e Mestre de vocês, lavei os seus pés, vocês também devem lavar os pés uns dos outros. Eu dei o exemplo, para que vocês façam como lhes fiz. Digo verdadeiramente que nenhum escravo é maior do que o seu senhor, como também nenhum mensageiro é maior do que aquele que o enviou. Agora que vocês sabem estas coisas, felizes serão se as praticarem"(João 13:13-‬17).

Quando paramos para olhar Jesus, "vemos, todavia, aquele que por um pouco foi feito menor do que os anjos, Jesus, coroado de honra e de glória por ter sofrido a morte, para que, pela graça de Deus, em favor de todos, experimentasse a morte" (Hebreus 2:9). E isso me basta para amá-lo e reverenciá-lo como o Deus que é!

Que o Senhor, o Deus de Israel, abençoe sua vida e o faça ser humilde, assim como Ele nos ensinou com amor!

Amém!

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