Jesus, a princípio, foi abandonado em dois momentos. O primeiro deles foi, inclusive, profetizado por Isaías:
"Todos nós, como ovelhas, nos desviamos, cada um de nós se voltou para o seu próprio caminho; e o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós" (Isaías 53:6).
Este versículo, apenas para o traduzir, diz respeito ao momento em que Jesus tinha acabado de celebrar a santa ceia junto aos apóstolos e orientado Judas Iscariotes, o traidor, a fazer o que já havia combinado: colaborar na prisão de Jesus, para que o julgassem e o matassem.
O "acordo" firmado entre Judas e os fariseus ficou em 30 moedas de prata.
Jesus foi preso e condenado à morte de cruz, para se fazer maldito (como podemos ler em Deuteronômio 21:22-23) e nos lavar, purificar de todo pecado, desde o tempo de Adão e Eva.
O momento exato em que os oficiais, a mando de Caifás, chegam ao Getsêmani para prender Jesus é descrito nos Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João, o que nos permite ter uma riqueza de detalhes a respeito.
"Enquanto ele ainda falava, apareceu Judas, um dos Doze. Com ele estava uma multidão armada de espadas e varas, enviada pelos chefes dos sacerdotes, mestres da lei e líderes religiosos. O traidor havia combinado um sinal com eles: “Aquele a quem eu saudar com um beijo, é ele: prendam-no e levem-no em segurança" (Marcos 14:43-44).
"Naquela hora, Jesus disse à multidão: 'Estou eu chefiando alguma rebelião, para que vocês venham prender-me com espadas e varas? Todos os dias eu estive ensinando no templo, e vocês não me prenderam! Mas tudo isso aconteceu para que se cumprissem as Escrituras dos profetas'. Então todos os discípulos o abandonaram e fugiram" (Mateus 26:55-56).
O outro instante em que Jesus esteve só, no sentido de ninguém se manifestar ou tentar intervir de alguma forma, foi durante a crucificação, quando Ele se fez pecado por nós e o próprio Deus o rejeitou.
"E houve trevas sobre toda a terra, do meio-dia às três horas da tarde. Por volta das três horas da tarde, Jesus bradou em alta voz: 'Eloí, Eloí, lamá sabactâni?', que significa 'Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste?'" (Mateus 27:45-46).
Certa vez, enquanto fazia meu estudo bíblico, ouvi uma definição muito boa quanto ao real significado do inferno: trata-se de um local, um estilo de vida, de agir, no qual não há o envolvimento de Deus e em que as nossas orações não chegam aos ouvidos e conhecimento dEle. Um cenário, portanto, absolutamente sombrio, sem perspectiva.
E foi isso que Jesus viveu por nós, ainda que por um instante, para que o perdão dos nossos pecados fosse dado.
O nobre leitor seria capaz de imaginar tal situação?
Jesus e Deus sempre estiveram juntos, muito antes da criação. Eles são uma coisa só! De repente, no momento mais delicado, em que Jesus teve de enfrentar a morte, Deus virou as costas para Ele.
E isso ocorreu, não por represália, castigo ou punição, mas por Jesus levar com Ele toda a nossa sujeira, nossa imundícia, todo o pecado que nos afasta dEle.
No caso referente ao abandono dos apóstolos, houve medo, insegurança.
Já entre Deus e Jesus, houve justiça.
Justiça que permitiu que a cruz deixasse de ser sinônimo de maldição para representar a vitória, a nossa salvação e purificação, a nossa santidade.
Está escrito: "Deus tornou pecado por nós aquele que não tinha pecado, para que nele nos tornássemos justiça de Deus" (2Coríntios 5:21).
O que Jesus fez por nós não foi um simples favor, um ato de generosidade. Foi um ato indiscutível de amor, que nenhum outro homem foi capaz ou será um dia!
Suportar tudo calado, como ovelha no matadouro, só deixa clara a sua grandeza e autoridade diante de todas as coisas que existem, incluindo as trevas!
Louvado seja o Deus de Israel, Jesus Cristo, o Salvador!
Amém!
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